Você já parou parar para pensar que a única coisa que permanece no mundo é a mudança, é a IMPERMANÊNCIA?

Eu já pensei tantas coisas e mudei, já escrevi tantas coisas, gostei e depois desgostei, já senti tantas coisas e deixei de sentir, transformei. O mundo está sempre mudando e as pessoas junto com ele. Hoje eu não acredito que precisamos ser dogmáticos em relação às coisas. Hoje parece que eu não vou conseguir terminar o dia, que lavar a louça é trabalho demais, amanhã pode ser mais fácil!

Olhar para mim e para meus sentimentos dessa maneira me acalma, pois me possibilita não cair no desespero de achar que eu falhei na vida. Talvez eu esteja fracassando hoje e esteja tudo bem, a vida também está cheia de fracassos. Isso não quer dizer que eu fracasse sempre e também não significa que estou em uma linha reta de evolução de mim mesma. Eu sou um emaranhado de coisas que às vezes se apertam e às vezes se afrouxam. Olhar para a impermanência me ajuda a me entusiasmar, a dar passagem para o que eu sinto, acolher os sentimentos sem achar que eles me definem. Isso me ajuda a enfrentar as incertezas a partir de um olhar de liberdade. Ajuda-me a acolher meus próprios surtos e entender que eles não me definem, eles fazem parte de mim e assim como eu, não são para sempre.

É como a praia que eu frequento há três anos. Tem aspectos dela que fazem com que eu a reconheça como a mesma praia, porém toda vez que eu vou, ela é diferente. Tem dias que o mar está super raso, tem dias que está fundo, dias que a água é transparente, tem dias que o mar está escuro, tem dias que está muito salgado e dias que está mais doce, tem dias que o mar está calmo e dias que está em tormenta. Tem dias de sol e dias de chuva, tem dias mais bonitos e dias mais feios, tem dias que a água está limpa e tem dias que está suja. Tem dias em que a praia está lotada e dias em que não. Na verdade, às vezes, no mesmo dia, ela muda muito.

Isso me fez lembrar um dia em que eu estava dentro do mar e comecei a ouvir uma conversa de duas pessoas desconhecidas, dois turistas, e eles começaram a dizer: essa praia é assim, calma, rasa e o mar escuro. Eu lembro que comecei a rir, pois na semana anterior eu estava ali, a praia era completamente o oposto disso.

Se você toma um momento da sua vida, um sentimento, um dia como a verdade absoluta sobre você, como aquilo que te define, você está negligenciando muitos outros aspectos que também te compõem.

Você não é o que sente agora, ou melhor, você não é só isso! Você pode ser isso e mais um monte de coisa.

Eu, você, o mundo, a praia, os sentimentos, os dias somos mudança, efêmeros, impermanentes. Aquela frase: vai passar, é verdade, vai mesmo. Tanto para as coisas ruins quanto para as boas. Por isso é importante não nos apegarmos em nenhuma delas. Digo o apego como uma forma de dependência ou obsessão.

Claro que às vezes, várias vezes, é preciso um trabalho nosso para transformar algumas coisas! Então acolhe o que está sentindo, mergulha nisso, mas não se acorrenta, não se apega em demasia, porque eu posso te afirmar: VAI PASSAR!

Flávia A Verceze

CRP 08/20236

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